Um famoso escritor brasileiro, médico psiquiatra, pesquisador da mente humana, disse em uma entrevista que uma criança de 7 anos, dos dias de hoje, possui mais informação do que o imperador romano da época em que Roma dominava o mundo.

Ouvindo assim, sem nenhum tipo de avaliação mais profunda, e considerando que somos muito vaidosos, achamos que é maravilhoso que nossas crianças tenham tamanha capacidade.

Disse também que a quantidade de conhecimento da humanidade dobrava a cada 200 anos até a idade média e, que nos dias atuais, ela dobra a cada ano.

Novamente, sem uma avaliação mais minuciosa, isso nos deixa orgulhosos.

Ocorre que, segundo o mesmo pesquisador, isso não é tão bom quanto parece.

O fato do conhecimento estar dobrando a cada ano se deve a vários fatores. Tecnologia, que permite a comunicação como nunca antes, informática, que permite simular situações com margem de erro irrelevante, computadores com capacidade inimaginável há 30 ou 40 anos, cooperação científica sem precedentes, investimento em ciência e tecnologia sendo visto como necessário e economicamente interessante, formação acadêmica atingindo o maior percentual da população mundial da história etc.

Já o fato de estarmos acumulando muita informação, decorre do fenômeno anterior. É tanta informação nova, a cada dia, que estamos nos acostumando a guardar as informações sem fazer nenhuma consistência da sua validade ou coerência.

Crianças aprendem 80 vezes mais rápido do que o adulto exatamente pela mesma razão. Ela somente guarda a informação recebida. Já o adulto, antes de aceitar, confronta com outras informações que já possui, de modo a aceitar somente aquelas que não entram em choque com premissas já estabelecidas por outras.

O perigo disso, palavras do escritor, é que “nós não estamos formando uma geração de pensadores. Estamos formando uma geração de pessoas com muita informação e nenhuma reflexão.”.

A reflexão é o que forma o pensamento. A reflexão é o que nos faz questionadores. A reflexão é a ferramenta do cientista, do pesquisador, do escritor, do compositor, enfim, sem a reflexão somos seres vazios.

No futuro, aqueles que tiverem a capacidade de refletir, pensar, contextualizar, concluir, questionar, serão aqueles que saberão discernir sobre a boa e a má informação, sobre o coerente e o incoerente, sobre o que vale a pena e o que é apenas espuma.

Esses dominarão os demais. Serão os líderes, os criadores de correntes de pensamento, os administradores do novo mundo.

A primeira guerra mundial teve como protagonistas as pessoas, os soldados. A segunda, teve como protagonistas as armas, os equipamentos, as bombas. Estamos travando a terceira guerra mundial, que tem como protagonista a informação.

Cultivemos a reflexão para forjar pensadores.

Menos informação, mais meditação.

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