Em 1900 a população mundial era de 1,56 bilhão de habitantes.
Por conta da mortalidade por doenças, mortalidade no parto, alimentação insuficiente e higiene precária, pouco acesso à medicina etc., a expectativa de vida girava em torno de 33,7 anos.
Esse cenário apontava para um crescimento populacional de 100% em um século.
Havia, então, uma expectativa de que o mundo teria 3,2 bilhões de habitantes no ano 2.000.
Frente a esse cenário e somado ao fato de que havia, à época, uma taxa de desocupação, impossível de ser definida por falta de sensos, mas possível de ser percebida, um filósofo fez uma previsão de que o mundo não teria emprego para todos, no ano 2.000.
Ocorre que, por conta da evolução da medicina, melhora da qualidade da alimentação, higiene mais adequada, mais acesso a tratamentos etc., a expectativa de vida passou de 33,7 para 76,2 anos.
Essa mudança elevou a população mundial à 6,1 bilhões no ano 2.000.
Apesar dos critérios de ocupação serem diferentes, nos quase 200 países existentes no mundo, estima-se que, no ano 2.000, havia 15% de desocupação no mundo.
Com uma conta simples, 15% de 6 bilhões, é 900 milhões.
Sobram mais de 5 bilhões de habitantes atendidos pelas possibilidades de ocupação, o que é um superavit enorme, se considerada a previsão pessimista do filósofo.
O mundo sempre mostra que nossas previsões dificilmente se concretizam. Ele está em permanente mudança, o que torna impossível prever como serão as coisas no ano seguinte, na década seguinte, no século seguinte.
Houve, há 30 ou 40 anos, um mito de que a informática tiraria o emprego das pessoas.
No início os sistemas de informação substituíam pessoas nas atividades repetitivas.
Um sistema, com 2 ou 3 usuários, era capaz de executar, com menos margem de erro e num período menor de tempo, o trabalho de 70 pessoas.
O que se viu, nos anos seguintes, foi que as pessoas mudaram de ocupação.
Quando surgiu a possibilidade de levar a ação para o usuário final, através dos sistemas on-line, iniciada pelos bancos e seguida por todos setores da economia, falou-se novamente, agora todo mudo vai perder o emprego.
O que se viu foi que houve, novamente, uma mudança na forma de ocupação.
Temos à frente a terceira onda, que é a tentativa de fazer com que os computadores passem a pensar pelas pessoas.
Diagnósticos, aprovações de crédito, avaliações de identidade são algumas das possibilidades.
Isso faz com que volte à tona a afirmação de que faltará trabalho para a população.
Qual o limite para essa substituição?
Há um limite balizado por questões técnicas?
Deve haver um limite definido pela ética?
O cérebro pode ser simulado?
Emoção ajuda, atrapalha ou é fator determinante para que decisões sejam eficientes?
Como nas outras ondas, só teremos as respostas, quando tudo isso já fizer parte do passado.
Se é que as perguntas ainda serão as mesmas.
Até lá, viva, trabalhe, estude, aprenda que a única coisa que não muda, é a mudança.