Para tratarmos desse assunto, primeiro um breve alinhamento de conceito.
Digital tem, no dicionário, vários significados, que vão desde os sinais existentes nos dedos (digitais) até a caracterização de um algarismo (na aritmética).
No nosso caso, porém, estamos adotando o sentido de informatização, no seu sentido mais amplo, ou seja, utilização dos recursos da informática na vida.
Digitalização é utilizada por uns e condenada por outros.
Os que a utilizam, às vezes até de forma exacerbada, desmedida, alterando a natureza humana, o fazem sem defender, sem criticar, sem patrulhar, deixando os demais à vontade para escolher viver conforme suas convicções.
Já os que condenam, costumam ser pessoas ativistas do conservadorismo social que, diga-se de passagem, nada tem a ver com conservadorismo moral, religioso ou cultural, mas sim de costumes.
Passatempo exclusivamente digital, comida através do iFood, aplicativos para fazer as transações bancárias, aplicativos para rotas ou localização, compras através de lojas virtuais, impressão de exames laboratoriais através de sites, certidões através de cartórios on-line, teleconferências substituindo reuniões presenciais, consultas médicas através de telemedicina, troca de documentos via WhatsApp ou e-mail, assinatura virtual, filmes e séries através de sites, e até cultos religiosos pela web. Ufa, dá para viver uma vida virtual.
As vantagens desse estilo de vida são:
1 – A segurança. Afinal, num país onde morrem mais de 70.000 por ano, assassinadas, muitas em assaltos simples no trânsito, cada vez que você não sai, pode estar evitando a própria morte.
2 – O tempo. Distância somada a trânsito são a mistura perfeita para fazer você jogar 10, 15 ou 20% da sua vida fora, sem nem perceber.
3 – Custo. Gasolina, estacionamento, pneu, óleo, desgaste do veículo, ou, na melhor das hipóteses, gastos com condução, táxi, Uber etc.
4 – Conforto. Chuva, calor ou frio intenso, falta de banheiro, alimentação etc.
Com tantas vantagens, dá para imaginar desvantagens?
Pior que dá. E muitas. Vamos lá:
1 – Falta de novidades. Você só verá novidades se procurar. No dia a dia, andando pela cidade, vendo vitrines, comendo em restaurantes, usando transportes, falando com gente desconhecida e prestando atenção no comportamento de outras pessoas, você identifica incontáveis novidades.
2 – Falta de contato social. Quando você para num posto de gasolina para abastecer, fala com o frentista, com a pessoa que passa o seu cartão, fala com a caixa da loja de conveniência etc. Quando para no estacionamento, fala com o manobrista, com a pessoa que cobra no caixa etc. Quando entra no prédio onde vai, faz contato com a recepcionista do local etc. Numa loja, você conversa com o vendedor, fica sabendo da moda, troca experiências etc. O afastamento do contato social nos torna pessoas menos habilidosas nas relações interpessoais.
3 – Falta de contato com o meio ambiente. Sol, chuva, temperaturas diferentes, fazem parte das nossas necessidades fisiológicas para desenvolver defesas e manter a saúde.
4 – Abandono de prazeres. Alguns prazeres da vida só são apreciados se são estimulados. Você gosta de tomar um café expresso ou comer um doce, e faz isso quando sai. Se você não sai, acaba abrindo mão desses prazeres e nem se dá conta disso.
5 – Perda de oportunidades. Se você não se relaciona, a vida não te apresentará nada de novo em termos de oportunidades. Isso vale para a área profissional, voluntariado, desenvolvimento pessoal, religioso e até afetivo.
Enfim, como tudo na vida, há vantagens e desvantagens.
O ideal, nisso também, é o caminho do meio.
Você que é totalmente digital, experimente apreciar o mundo. Ele é um presente de Deus para você. Não despreze essa maravilha.
Você que é totalmente contra o mundo digital, experimente o que ele proporciona. Ganhe tempo, segurança, economia, tudo sem abrir mão das relações pessoais.
Mundo real e mundo digital, isso não é uma escolha, um não exclui o outro.